Condições de trabalho e Enfermagem

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Pesquisando sobre tal assunto, me deparei com um artigo muito bem elaborado, o qual gostaria de compartilhar algumas partes por aqui. Quem faz parte da equipe de enfermagem, com certeza, irá se identificar em algum momento da escrita. É importante ressaltar que modifiquei algumas partes, visando fazer apenas um resumo do conteúdo.

CONDIÇÕES DE TRABALHO E ENFERMAGEM: 
A transversalidade do sofrimento no cotidiano

Os profissionais de saúde, mais especificamente, a enfermagem são atingidos em sua maioria por um sofrimento psíquico no trabalho, que se constitui em: sentimento de vazio e fragilização dos laços afetivos com familiares, conflitos de valores em relação à ser/ter, sentimento de aprisionamento, estresse excessivo devido as dificuldades e sentimento de impotência enfrentados no cotidiano do trabalho. Observa-se que tais circunstâncias têm relação direta com o aumento da jornada de trabalho, que traz desgaste físico, emocional e sofrimento no cotidiano somando-se a precariedade das condições de trabalho, gerando insatisfação do trabalhador, comprometendo a assistência prestada, além disso, acaba dificultando as relações interpessoais no âmbito das dimensões públicas e privadas da vida cotidiana. 

É importante ressaltar que os profissionais dessa área correspondem a maior parcela da força de trabalho na saúde, com a singularidade de serem majoritariamente do gênero feminino. Essa singularidade se traduz na prática por um perfil humano genérico de múltiplas funções: trabalhadoras de saúde, mães, donas de casa, etc. Percebe-se, no entanto, que os profissionais vêm sofrendo as consequências da redução do seu poder aquisitivo, por essa razão estes buscam a adoção de outros vínculos empregatícios, sobretudo os enfermeiros.

E, pelo fato de existir insegurança gerada pela ameaça de desemprego, estes se submetem a regimes e contratos de trabalho precários. Os profissionais de enfermagem, por exemplo, desenvolvem suas atividades (na maioria das vezes) em regime de plantão, o que permite a estes acumularem duas ou três escalas de trabalho. Porém, todas as formas adotadas por esses trabalhadores para complementação da sua renda resultam no aumento da jornada de trabalho.

Além disso, o multiemprego na enfermagem é marcado pelas características tensiógenas dos serviços hospitalares, tanto pela natureza do cuidado prestado às pessoas em situações de risco como pela divisão social do trabalho e hierarquia presentes na equipe de saúde, fatores estes que elevam o risco de agravar a saúde deste trabalhador. Até porque, o profissional tem que lidar com diversas dificuldades durante suas atividades. Constata-se atualmente nos profissionais do serviço público uma frustração pela falta de material impedindo estes de fazerem corretamente seu trabalho, o que exige maior capacidade de improvisação desses trabalhadores para realização de procedimentos, deixando-os insatisfeitos em relação à resistência prestada ao paciente.Tais elementos, podem ser responsáveis por desencadear o sofrimento cotidiano desses trabalhadores.

E, segundo Dejours (1992, p.10), o sofrimento é "um estado de luta do sujeito contra as forças que o estão empurrando em direção à doença mental". Essa precariedade das condições de trabalho, somado a carga horária excessiva de trabalho, a falta de tempo para o lazer, convívio social e integração familiar acarretam prejuízos na vida privada do trabalhador.

É certo que o trabalho pode ser um espaço privilegiado de realização pessoal, e se assim não fosse, as mulheres não teriam lutado tanto para romper as fronteiras dos territórios domésticos e ganhar direito à realização profissional. Mas, o que acontece é que o trabalho está se tornando o centro da vida de uma forma dominante, o que dificulta uma conciliação com as demais dimensões da vida e suas respectivas atividades.

Em um artigo publicado no site argentino 'Darío Vive' em 04-09-2008, Ricardo Antunes destacou: "uma vida cheia de sentido fora do trabalho supõe uma vida dotada de sentido dentro do trabalho". Sendo assim, o modo como você leva a vida, refletirá diretamente no seu trabalho.

Pensar em Enfermagem significa pensar em seus trabalhadores, na concretude do seu cotidiano, no emaranhado de relações da vida pessoal e profissional (GONZÁLES & BECK, 2002).


Lembrem-se que trabalhar não é só exercer atividades produtivas, mas também conviver!
Convido você para conferir o artigo na íntegra e refletir sobre tal assunto - clicando AQUI.



MEDEIROS, S.M., RIBEIRO, L.M., FERNANDES, S.M.B.A, VERAS, V.S.D. Condições de trabalho e enfermagem: a transversalidade do sofrimento no cotidiano. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2006; 8(2):223-40. 


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